Por Jose Antônio Soares.
Em um longínquo vilarejo há muitos e muitos anos atrás, uma terrível estiagem assolava a pequena população de lavradores, pois já era a sétima safra que não vingava e o Sol a pino, tirava de todos a esperança de uma vida melhor...
Tentando melhorar a vida do seu povo, o Prefeito deste pequeno e longínquo vilarejo convoca o feiticeiro local para tentar solucionar as peripécias climáticas da região, e em seu gabinete, reunido com o feiticeiro e os líderes religiosos deste vilarejo, nosso amigo feiticeiro expõe:
- Senhores, nossa cidade vive de um mal profundo que desagrada a Deus! Todos aqui sofrem porque tratam a natureza de forma mesquinha, e a natureza agora se vinga de todos!
Desesperado, o Prefeito e os líderes religiosos se ajoelham perante o feiticeiro e pedem auxílio...E sorrindo de todos, o feiticeiro proclama a solução do problema:
- Senho res, convoquem todos do vilarejo! Peçam para que tragam seus bens mais valiosos, que coloquem suas melhores roupas, pois nesta sexta-feira ao meio dia na praça central, efetuaremos uma entrega aos Deuses e com certeza, proclamaremos a Paz com as divindades, e a chuva cairá nas plantações de todos!
Mais que depressa, o Prefeito convoca o delegado que coloca todos seus homens para avisar a todos que na próxima sexta-feira, o feiticeiro da região proclamará a Paz com Deus e a chuva cairá para todos...E assim, os soldados avisaram toda a população, e na data e hora marcada todos estavam na praça central com seus bens mais valiosos, com suas melhores roupas, para entregar a Deus e efetuar o conchavo com o clima.
Com o Sol a pino e a temperatura acima da casa dos 40 graus, o prefeito grita a população:
- População querida, nosso salvador que aqui se encontra, efetuará um pacto com Deus e com certeza, a chuva cairá para todos e nossas plantações tornar-se-ão verdes novamente, e a riqueza brilhará para todos...
Com uma pesada capa de veludo e com uma grande fogueira acesa ao meio dia daquele dia ensolarado, nosso feiticeiro começa a convocar Deus e observar a população do vilarejo...E naquele momento, ele observa uma pequena senhora que se destacava do restante dos munícipes, pois a idosa mulher estava com uma pesada capa de chuva e galochas enquanto os outros, estavam todos com suas melhores roupas conforme solicitado. Incomodado com aquela figura e após gritar profecias por mais de 3 horas, nosso feiticeiro desidratado por causa do calor e com medo de uma rebelião popular, pois o calor e a situação estavam tirando a Paz e a tranqüilidade da pequena população, ardilosamente começa a discutir com a mulher que se destacava na população:
- Ridícula mulher, como podes estar vestida debaixo deste calor com esta capa de chuva? A Senhora deve estar de caso com o Diabo para suportar tal situação!
A população efervescente neste momento começa a observar a mulher que calmamente responde ao feiticeiro:
- Senhor, não entendi sua pergunta nem tão pouco o que fazes neste momento, pois se está efetuando uma oração para pedir chuva para o nosso sustento, de coração aberto vim até aqui para ajudar, e nada mais justo que eu traga minha capa de chuva, pois tenho fé que conseguiremos água do céu com nossas orações, pois minha Fé vem antes do milagre.
Boquiaberto o feiticeiro e o prefeito se entreolharam e aproveitando o ensejo gritaram a todos:
- Querido povo, levem seus bens daqui e voltem com capas impermeáveis e grandes guarda-chuvas, pois com a Fé de todos, conseguiremos que a Santa água caia dos céus!...
A histeria tomou conta do lugar e a população, de forma frenética, correu para casa e o mais rápido possível retorna a praça central totalmente paramentado para a maior tormenta já vista pelo homem. Neste momento, com um simples sorriso, o feiticeiro olha para o céu, estala seu dedo e a chuva começa a cair.
José Antônio, pelo amigo Zé Pelintra
Texto retirado do site do instituto Cultural sete porteiras do Brasil www.seteporteiras.org.br |
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